
Este desconforto pode ser sentido pela maioria das pessoas, em determinadas alturas e em graus muito diferentes. Podem haver pessoas que sintam ansiedade social só em situações muito especificas, o que não chega a ser um aspecto limitador na sua vida quotidiana, outras sentem ansiedade social só pelo facto de estarem perante olhares de terceiros e neste caso esta ansiedade transforma-se num distúrbio de ansiedade social chegando a comprometer a sua vida social, profissional e até afectiva. Em casos mais extremos, pode levar a que a pessoa permaneça solteira, não porque não se consiga relacionar afectivamente, mas porque para conhecer outra pessoa tem que entrar num contexto social e isso já não conseguem fazer. São pessoas que não evoluem profissionalmente, não por falta de capacidades, mas por evitamento a situações que envolvam terceiros ou envolvam um certo destaque e por esse mesmo motivo, apresentam por vezes maior instabilidade no emprego. Adolescentes com esta problemática podem apresentar abandono escolar precoce por não suportarem ser avaliados por colegas e professores. O suporte social destas pessoas vai sendo cada vez mais limitado e por esse motivo quando surge alguma dificuldade na sua vida elas vão ter mais dificuldades em a ultrapassar, já que esse mesmo suporte social é uma estratégia muito válida e importante no ser humano. Por isso quem sofre de fobia social está também mais frágil do ponto de vista emocional.
O paradoxo desta situação é o mesmo que existe nas fobias em geral. A pessoa tem medo, e por isso não enfrenta a situação causadora da fobia e quanto mais a evita, mais forte ela se torna e consequentemente mais difícil de enfrentar. Não estou com isto a sugerir que uma pessoa que não sai de casa há um longo período de tempo (neste caso em sequência de uma fobia social) que o faça de imediato. Existe todo um trabalho a fazer até à primeira exposição. Mas o caminho é ajudar a pessoa a perceber porque tem a fobia e ao mesmo tempo trabalhar pensamentos irracionais que tem acerca dela própria e dos outros. Prepará-la emocionalmente para a exposição que terá inevitavelmente que ocorrer mas em doses suportáveis evitando assim um sofrimento maior.